quinta-feira, 12 de junho de 2008

Freguesia de são lourenço-Azeitão


GUIA
O espírito criativo do homem é capaz de verdadeiros rasgos de genialidade e o resultado de alguns desses momentos mágicos são certas construções que se encontram um pouco por toda a Freguesia. Para satisfazer a sede de cultura dos seus visitantes, São Lourenço de Azeitão oferece o seu património arquitectónico, histórico e natural, de que fazem parte, entre outros: a Igreja Matriz de São Lourenço; a Capela de São Pedro; a Capela de El Carmen; a Capela de São Sebastião; a Capela de Oleiros; o Convento da Arrábida; o Forte de Santa Maria da Arrábida; as suas Aldeias típicas; a Quinta das Torres; a Quinta do Salinas; a Quinta da Conceição; a Quinta das Baldrucas; o Pelourinho; a Fonte do Concelho; a Fonte dos Pasmados; os teares de José Maria da Fonseca; o Parque Natural da Arrábida e a Praia do Portinho da Arrábida, uma das mais belas de Portugal, pelo seu enquadramento paisagístico, onde se misturam a serra e o mar.

Autorizada a construção da Igreja de São Lourenço, em 19 de Julho de 1344, não se conhece a data exacta em que se iniciou a sua construção nem a cargo de quem esteve. Sabe-se, porém, que D. Garcia Pires foi o mentor da construção do templo e que D. Lourenço Dinis, preceptor do Infante Dom Pedro, o principal impulsionador da obra, tendo contribuído com elevadas quantias para a sua edificação e deixado, em testamento, diversas providências para a sua manutenção, conforme se transcreve:
“Eu, Lourenço Dinis, vassalo do Infante Dom Pedro, com todo o meu siso e entendimento como Deus deu, temendo Deus e o dia da minha morte, faço o meu testamento em esta guisa (maneira)... mando que me enterrem em na Igreja de São Lourenço d’Azeitão... e mando deixarem para a obra do dito São Lourenço e para o capelão e para os ornatos e para o mantimento dele que de meu e do que aí deixar a dita Catarina Mateus (sua mulher) façam e refaçam e mantenham a dita Igreja e ornamentos para ela para sempre e um capelão que sempre cante na dita Igreja e diga de cada dia as horas canónicas e dê os sacramentos cada vez que lho demandem os moradores de Azeitão... e mando que aí ponham um bom sino o qual piquem cada um dia, à noite, para dizerem as Avé-Marias. Item hão de pôr aí livros os que comprarem e cruzes de latão até que aí haja de prata. Item um cálice de prata que eu aí prometi. Item um altar em que esteja Santo Antão (António) e outro em que esteja Santa Catarina e São Simon (Simão). Item um crucifixo e João e Maria sobre a porta da ousia (arco cruzeiro) e assim todo o al que na dita Igreja cumprir e, a pedra em que mando se escreva a era e ponham-na em uma das paredes onde virem que a melhor a podem ver para lerem e o capelão cante no altar de São Lourenço e que não cante por outra ajuda que lhe dêem dinheiros. Item mando que os meus herdeiros não possam vender nem alhear nem empenhar os meus bens os que para isto deixarem quenquer que seja e mando que Mestre nem Comendador não hajam poder em nas coisas que para isto deixamos e quanto aí hajam suas dízimas se agravamento nem prejuízo nenhum nem a Ordem de Santiago. Item hão-de pôr na Igreja uma pia para baptizar. Item mando que Bispo nem Arcebispo nem seus vigários não hajam em isto que ver salvo que se não tiverem o que eu mando que o Bispo quando vier à dita Igreja saiba que se mantém o que eu mandei e se achar que não constranja-os que o mantenham. Item quando alguns deixarem alguma coisa por ele, façam-na segundo o que mandar, e mando que à morte de cada um destes meus herdeiros... os que herdarem façam para sempre... Item e mando por falhas... dez libras para as obras de São Lourenço.. e mando cincoenta libras a Maria Cristóvão por serviços que me fez e catorze libras que me emprestou, e se for morta, mando que pela minha alma e pela sua, as metam em essa obra de São Lourenço...”
A obra foi vítima de várias tentativas de embargo e, depois de D. Lourenço Dinis falecer e D. Garcia Pires deixar a direcção da Ordem de Santiago, eram tantos os entraves erguidos à sua finalização, que foi necessária a intervenção do novo Bispo de Lisboa para que ela pudesse chegar a bom termo.
O templo original, em estilo gótico, desapareceu e, hoje, a construção apresenta uma só nave, cujo revestimento de azulejos se destaca, bem como a capela-mor, que mantém um valioso conjunto de talha, pintura e azulejo.
Da construção gótica, já arruinada em 1570, ano em que foram iniciadas as obras de restauro, restam apenas o arco da sacristia e as janelas da capela-mor. O alpendre e o campanário originais foram suprimidos e construiu-se a torre sineira.
No século XVII, a Igreja sofreu novas obras e recebeu as pinturas da capela-mor. No século XVIII, acrescentaram-se os azulejos, dos quais, os mais antigos são os da capela-mor, de 1720, obra de António Oliveira Bernardes. Os da nave são da década de 40 do século XVIII. O património da Igreja inclui também uma pia baptismal, de meados do século XVI, com características manuelinas; e uma imagem da Madona, em pé, com o Menino, em terracota invetriata, peça que veio do Mosteiro de Nossa Senhora da Piedade, em 1840, para a Igreja de São Lourenço, datada do século XVI e obra dos italianos Della Robia.
Junto aos restos do Convento Dominicano de Nossa Senhora da Piedade, hoje transformado em casa de habitação, situa-se o Paço dos Duques de Aveiro, que se abre para o Rossio de Azeitão.
As origens deste palácio ligam-se ao convento dominicano, onde D. Jorge e seu filho, D. João, costumavam recolher-se. Esta presença habitual dos duques obrigou à realização de melhoramentos na casa de campo que aí possuíam, junto ao Convento.

O Palácio é uma construção que terá sido concluída na primeira metade do século XVII e é um bom exemplo de arquitectura civil maneirista. O brasão encontra-se picado, por ordem do Marquês de Pombal. O palácio foi saqueado após a prisão do último duque, restando apenas os azulejos e os silhares de padrão, característicos do século XVII.
Ligados à Casa de Aveiro, encontram-se a Igreja e o Hospital da Misericórdia, obra que data de 1622 e se deve a D. Afonso de Lencastre.
A Fonte dos Pasmados é o ex-libris de Azeitão. Este chafariz foi mandado construir por Agostinho Machado de Faria, “cujas ideias sobre urbanismo, bastante avançadas para a época”, impulsionaram o notável desenvolvimento registado, a partir de finais do século XVIII, em toda a região. Segundo a tradição, a fonte ficou conhecida pelo nome que tem, por causa do pasmo e admiração que a sua contemplação provocava.



Gonçalo

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